quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

...Pessoas...



...Sem medo de te pertencer volto pra você...




Pessoas me fazem sentir o arrepio da sétima de um acorde. São como vozes arranjadas em intervalos de quinta... Correm como uma melodia sobreposta a outra, se desencontrando, perdendo o sentido pra que no resultado do todo haja uma finalidade. Pessoas vivem perigosamente, fazem do frio um lugar de conforto, brincam com a dor do fogo queimando apenas pra sentir... Sentir queimar! Pessoas se desmancham ante a dor da alma, e, essas mesmas pessoas tiram prazer da dor da alma alheia.






Pessoas se reinventam em algo melhor e acabam perdendo a identidade, fogem daquilo que é seguro e se jogam na escuridão. Pessoas acertam o alvo quando acham que estão no escuro, mas também erram o mesmo alvo quando tudo parece claro demais. Lutam contra a mesmice e se assustam com a transformação. Pessoas conquistam o inatingível e deixam passar a oportunidade do corriqueiro... Pintam o sete com as cores fundamentais e não aproveitam a diversidade dos diferentes tons.






Tons! Pessoas são tons agudíssimos, soando, tinindo por horas a fio acreditando que estão fazendo um concerto. Pessoas atravessam cômodos, entram por portas que depois não sabem como abrir... Pegam um pedacinho deste e daquele, vão colando em sí mesmas sem saber com quem na verdade querem parecer, quem realmente precisam ser, se precisam ser! Pessoas caminham para o Norte até chegar no Sul... Caminham, caminham, fugindo para o outro, fugindo de sí mesmas. Pessoas são pessoas, e, elas voltam, trazem areia nas mãos, marcadas por suas pegadas, na ansiedade de devolver cada passo em falso dado às mãos de Deus.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

...O resultado de 2010...



"...Os que semeiam em lágrimas ceifarão com alegria..."




Salmos 126:5



Eu estava no pátio da Igreja com as mãos no bolso, olhando para os fogos colorindo a escuridão da noite, orando a Deus. Na Igreja não estavamos num grupo de muitas pessoas, e, especialmente neste ano não fariamos festa alguma. O tão temido ano de 2010 já se finalizava pra mim, e a sensação de um novo ciclo na minha Vida já pairava sobre meu coração. Em nossa Igreja temos o costume de, exatamente às 24:00hs, nos ajoelharmos em oração entregando o ano que se passou e também consagrando o novo tempo por vir.








Mas eu estava lá no pátio em meio aos fogos orando a Deus, e quer saber? Eu aprendi a lição de todo o ano de 2010 exatamente no seu final, especificamente entre os fogos dourados e rosados. O que aconteceu foi o Senhor juntando o Salmo 126 às minhas lágrimas e inquietações do decorrer de todo o ano. Lembro que, logo em Outubro as coisas ficaram tão vazias pra mim, é como se não houvesse restado mais nada pra 2010, não havia nada mais pra absorver, as lágrimas já se secavam e a tolerância, paciência e longanimidade já estavam à beira do caminho. Esperar mais pelo quê? Era a minha pergunta, pedacinhos de mim já estavam espalhados por toda a trajetória de um ano muito difícil, e eles haviam ficado ali, simplesmente lá atrás, no chão.








Estes últimos três meses foram ignorados por mim, eu sabia que disto eu dava conta. Eram apenas os três restantes e 'incovenientes' últimos meses, que me separavam do 'novo' do ano novo, eu não podia os dar o luxo da minha sensibilidade. Eu não falei, eu não comentei sobre eles pra Deus, não reclamei, não exitei e resisti, só me arrastei, degustei o que deu e o que não, engoli! Foi tudo o que eu pude fazer, entretanto não era o 'tudo' que Deus queria fazer pra mim.








Algumas semanas antes fui levado ao Salmo 126, e eu percebi uma coisa, eu não devia ter ignorado os últimos meses! A passagem de Salmos fala sobre a alegria da libertação do cativeiro, da maravilha do livramento do Pai, da grandiosidade de ter resistido todo o trajeto de entrar e sair do domínido do inimigo, de ter aguentado firme, de ter lamentado, chorado, perdido o controle emocional e apesar disso carregar a preciosa semente para o lugar de plantio, de ter regado com as lágrimas porque estes com alegria as estavam colhendo.








As vezes as pessoas, na Bíblia, precisaram de lidar com o cativeiro, com inimigo. Por 'n' situações elas tiveram de lidar com a dor e a humilhação, passaram fome, foram açoitadas, violentadas e muitas morreram. Essas pessoas tiveram de lidar com o plantio das lágrimas! O Plantio das lágrimas de oração motivadas pela dor e pela ferida, e neste contexto não se escolhe nada, se vive tudo... Sim, se sente, se dói, se põe diante de Deus, planta e vive o plantio, não há espaços para o ignorar! E foi com isso que eu tive de lidar na maior parte deste ano.






É engraçado como construimos uma concepção firmada no resultado, na colheita com alegria que o Salmo fala, sendo que na verdade, pra colhermos alegremente ainda temos de lidar com o plantio, o tempo que necessário for, é no levar a semente, chorando e andando (vers. 6), plantado nossas lágrimas intercessórias diante de Deus, renunciando nossas 'coisas', abrindo mão da bondade das pessoas e das circunstâncias no tempo de plantio (onde não há espaços para isso) que colheremos com risos. E finalizando tudo isso deixo aqui Eclesiastes 7, onde encontramos versos que dizem: 'Não sejas demasiadamente justo, nem sábio...Não sejas demasiadamente ímpio, nem louco' Em fim, seja perspicaz, seja um humano equilibrado. Ter de lidar com a tristeza, a paciência e a longânimidade à luz da palavra, pode nos trazer sabedoria.